Notícias

TOC, uma doença que tem tratamento!

TOC, uma doença que tem tratamento!

10-02-17 | Sem categoria | admin |

Quem já teve a oportunidade de assistir o filme Melhor Impossível com Jack Nicholson, já se deparou através da ficção com a rotina de um portador do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
O filme conseguiu encantar muitos telespectadores e retratar, mesmo de uma forma leve e cômica a realidade de uma doença que deve ser levada muito a sério.

Quais são os sintomas do TOC?

Os sintomas dessa doença envolvem muitos tipos de pensamentos obsessivos, ou seja, pensamentos intrusivos que a pessoa não consegue controlar como:
-Dúvidas;
-Preocupações com sujeira, contaminação, organização;
-Pensamentos de natureza sexual como tocar o outro de forma inapropriada, impulsos sexuais; indesejados também podem estar presentes;
-Pensamentos de natureza religiosa.

O medo sempre está presente nesse quadro e na tentativa de aliviar ou diminuir a frequência desses pensamentos obsessivos, o indivíduo começa a se comportar de forma compulsiva repetindo alguns rituais criados por ele, ou evitando situações em que se imagina estar em perigo.

Algumas compulsões que podem estar presentes no quadro são:
-Compulsões por limpeza (lavar as mãos ou tomar vários banhos por dia, trocar de roupas diversas vezes, lavar várias vezes ao dia as louças que estão limpas, limpeza repetitiva da casa);
-Compulsão por ordem e simetria (organizar armários, objetos seguindo uma determinada lógica); -Contagem (contar mentalmente, repetir certos comportamentos, ler e reler);
-Armazenar (guardar ou acumular objetos);
-Evitações (evitar banheiros públicos, não tocar em maçanetas, interruptores elétricos, não sentar em cadeiras de hospitais e pronto socorros ou precisar desinfetá-las antes de fazer, não tomar banhos de piscina ou mar).

O mais importante é entender que esse padrão de comportamento e pensamento está sempre acompanhado de muita ansiedade e provoca um nível de sofrimento severo na vida da pessoa com muitos prejuízos nos relacionamentos, vida profissional e na sua rotina em geral.
O indivíduo muitas vezes perde mais de uma hora do dia ocupado com os rituais ou com os pensamentos obsessivos, reconhece que seus pensamentos e compulsões são excessivos e irracionais, mas não consegue controlá-los. Devido a isso, é muito comum chegarem nos consultórios de psicologia com um quadro associado de depressão.

Familiares

No consultório também é observado um padrão familiar que protege e reforça as compulsões do paciente.
Uma mãe por exemplo, pode não ver razões para se preocupar quando o filho organiza a gaveta de roupas íntimas todos os dias, representando para ela apenas um sinal de organização e auto-cuidado, mas sem perceber pode se envolver nos rituais do portador por meio de auxílio na lavagem de roupas, louças, ou respondendo várias vezes o que lhe é perguntado. Essa atitude da mãe pode potencializar reações de ansiedade e favorecer o surgimento de novos pensamentos obsessivos, principalmente quando ele estiver longe da presença de quem lhe oferece essa suposta segurança.
Muito comum também encontrar várias pessoas da família com o problema, pois o transtorno é quatro a cinco vezes mais comum entre familiares do que na população em geral.
Dessa forma é muito importante que todos participem do tratamento por meio de sessões de orientações psicológicas ou grupos de apoio.

Tratamento
A Terapia Cognitivo Comportamental é considerada a principal abordagem para tratar o quadro. O primeiro passo é promover um ensinamento dos sintomas no paciente para que ele possa reconhece-los e lidar com eles, a partir daí ele será ensinado a questionar crenças e pensamentos que o levam as compulsões.
Gradualmente, os exercícios de exposição e prevenção de respostas serão inseridos no tratamento, ou seja, o paciente pode ser encorajado a ter contato com algo sujo e não lavar as mãos durante um tempo estipulado pelo terapeuta. Importante frisar que nesse momento o paciente já estará preparado e motivado para esse exercício.
Crenças voltadas ao perfeccionismo, perigo, necessidade de ser amado ou aceito serão discutidas e questionadas no tratamento.
O terapeuta pode desenvolver vários recursos para trabalhar a ansiedade do paciente como técnicas de relaxamento, de atenção plena (mindfulness), tarefas de casa entre outras.
Nesse tratamento é fundamental a intervenção de um médico psiquiatra.
Com o tratamento a pessoa consegue retomar a sua rotina e voltar a ter qualidade de vida.

Até a próxima!!!

Bibliografia Consultada: Cordioli, Aristides V. (2008). Vencendo o transtorno obsessivo-compulsivo.